terça-feira, 23 de julho de 2013

SAUDAÇÃO CRISTÃ: A PAZ DO SENHOR, OU, A PAZ DE DEUS?

Não existe fórmula de saudação nas Escrituras Sagradas. A Congregação Cristã no Brasil adotou em seu meio “a paz de Deus” como modo de seus membros se saudarem. Enquanto um diz “a paz de Deus,” o receptor responde selando com um gracioso “amém” (assim seja). Argumentam alguns, que nós adotamos um modo diferente da dos demais evangélicos; mas na verdade, a Congregação Cristã é mais antiga no Brasil do que a maioria das denominações evangélicas - em particular – às Assembleias de Deus e as igrejas neo-pentecostais.

Na maioria das vezes, os reclames partem destas duas últimas alas tardias do pentecostalismo no que diz respeito à saudação. Tanto a paz de Deus quanto a paz do Senhor são expressões corretas, são unânimes, conciliáveis e apontam para um único Ser: - O Senhor Jesus Cristo, a Paz de Deus entre os homens. Enquanto alguns grupos usam a paz do Senhor, a Congregação, por sua vez, utiliza a paz de Deus. Em suas cartas, no prefácio e saudação, o apóstolo Paulo menciona as duas como sendo uma só:

(...) “Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. (Rm 1.7; 1Cor 1.3; Gl 1.3).

O Texto de Romanos 1.7, transliterado do hebraico:

Lekhol ‘asher beromî yedîey ‘elohîm uqeru’îm lihyot qedoshîm chesed veshalom lakhem me’et ha’elohîm ‘abînu va’adoneynu Yeshua’ haMashîach.” (Romanos 1.7).

Para a expressão Paz de Deus, Paulo não usa “Shalom El”, mas Shalom ‘Elohîm”. O plural ‘elohîm ocorre 2250 vezes nas Escrituras Hebraicas, termo derivado do singular ‘eloah. Na maioria das ocorrências, ‘Elohim se refere ao Deus de Israel. Já o termo Adon (Senhor) mencionado por Paulo, ocorre mais de 400 vezes no Antigo Testamento com referência ao Deus Verdadeiro, e mais de 300 vezes aplicado a outros seres. Também, quando Tomé reconheceu a Jesus como ressuscitado (João 20.28) e ter sido lançado em rosto sua incredulidade, o mesmo chamou a Jesus de 'adonî (Senhor meu), termo proveniente de 'adon (senhor), assim como empregou o termo ve'lohay (e meu Deus), vocábulo muito usado nas Escrituras do Novo Testamento em Hebraico, referindo-se a Jesus como Deus (hebr. 'elohîm), o Verbo encarnado (João 1.1). 

Nota-se ainda, que há outro termo usado no Antigo Testamento Hebraico para designar senhor, o termo ba’al (marido, senhor, proprietário de terras, cidadão), vocábulo este aplicado sobre as suas mais variadas acepções de acordo o contexto.É verdade que irmãos menos esclarecidos apregoam erroneamente que a única saudação correta é a paz de Deus, alegando que há muitos senhores; por outro lado, também é verdade que muitos evangélicos se sentem desconfortáveis e não respondem a uma saudação com a paz de Deus alegando haver muitos deuses. Mas, Paulo corrige a ambos dizendo que para nós (cristãos) há um só Deus e um só Senhor (1Cor 8.5 e 6).  

Quando saudamos com a paz de Deus, estamos apontando para o Senhor Jesus:

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” (Ef 2.14, 15 e 16).

Enquanto um evangélico, diz: - “a paz do Senhor”, o outro não responde com um “amém”, devolve-a do mesmo modo que veio, dizendo: - “a paz do Senhor”.

Contrariamente, enquanto um membro da Congregação saúda outro irmão com “a paz de Deus”, o receptor dessa paz, diz: - “Amém!” Este é o nosso diferencial.

Aprofundando no termo saudação, alguns escritores críticos procuram demonstrar superioridade de sua saudação, alegando que o modo a “paz de Deus” em hebraico é o mesmo que Shalom El, ao passo que a “paz do Senhor” em hebraico seria Shalom Adonay. Esta última, Adonay, segundo eles, é um termo usado especificamente ao Deus de Israel; e El, é termo genérico que depende do contexto para saber se é a Deus, ou a um falso deus qualquer. O problema para a forma Shalom Adonay, é que tal expressão não existe em lugar algum das Escrituras Sagradas.

Como disse anteriormente, nas saudações apostólicas não constam Shalom El, mas Shalom 'Elohîm. Destarte, os apóstolos aplicavam a Jesus o termo Adon, e não Adonay. Jesus mesmo menciona isso em João 13.13, dizendo que eles diziam bem, chamando-O de Adon, e não de Adonay; vejamos isso em o Novo Testamento Hebraico:

"'attem qor'îm-lî rab ve'adon veheytabttem a'sher dibarttem kî-'anî hu' " (port. Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou - João 13.13). Portanto, chamá-Lo de Adon, conforme Jesus, é dizer corretamente conforme os apóstolos o chamavam.

Em a haBrît hachaDashah (o Novo Testamento) em Hebraico, a saudação usada por Paulo em suas cartas não é Shalom Adonay, mas tão somente Shalom Adon! O termo Adonay não é encontrado em nenhum dos 7.959 versículos do Novo Testamento em Hebraico

Pelo uso abundante do hebraico “Adon” no Novo Testamento, com referência tanto a Jesus quanto ao Pai e também aos homens, necessita, outrossim, do contexto para saber a que “amo” se refere, se a Deus como o Senhor, ou aos homens como senhores.

No título divino Senhor dos senhores, usado unicamente para Iavé, não consta o termo Adonay:

“Hodu la’adoney ha’adonîm kî le’olam chasddo.” (Salmos 136.3).

Temos em 'Adoney, um termo derivado de 'adon.

No caso de Abraão:

“Vayiqqach ha’ebed ‘asharah gemallîm migemalley ‘adonayv” (port. Tomou o servo dez dos camelos do senhor dele – Gênesis 24.10).

Notamos ainda, que o termo Adonay não parece ser vocábulo de uso exclusivo a Deus; pois, lemos em Gênesis que três homens (Gn 18.1) aparecem a Abraão, um deles é Iavé, chamado de Adonay:

“E disse: Senhor meu (hebr. Adonay), se acho graça em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo” (...). (Gn 18.3). – O negrito é meu.

Ora, destes três, apenas um é chamado de YHWH, e é quem recebe o título de Adonay. O exegeta e erudito Charles C. Ryrie, diz o que segue:

18.2 três homens. Um deles era o Senhor, Javé (v. 1); os outros dois eram anjos (cf. Gn 19.1).”

De fato, os dois anjos são distintos de Javé:

“E foram os dois mensageiros (hebr. sheney hamal’akhîm) para Sodoma” (...). (Gn 19.1).

A Bíblia de Estudo Almeida, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil, diz o que segue:

18.2 Três homens: Ao longo do relato, um certo mistério envolve estes três hóspedes de Abraão. Um deles, o porta-voz dos três, é identificado com o SENHOR (vs. 1.13, 17), ao passo que os outros dois são, mais adiante, chamados de anjos (Gn 19.1, 15).”

Nota-se que, para o termo português SENHOR, no Hebraico consta YHWH, Iavé. 

Contradizendo os que advogam que o título Adonay é usado nas Escrituras como título exclusivo a Deus, o Texto Hebraico diz que os dois anjos  com quem os homens de Sodoma queriam manter relações sexuais, são chamados de Adonay:

“E disse-lhes: eis agora, meus senhores (hebr. na’-adonay), vinde para a casa do vosso servo, pernoitai nela e lavai os pés” (...). (Gn 19.2).

Em Gênesis 19.18, referindo-se aos dois anjos, o texto literal, é: 

“E disse Ló a eles: Não, por favor, os meus senhores (hebr. adonay)!”

E agora, José?

Portanto, examinando os dois lados da “moeda”, tanto a expressão a paz de Deus quanto à paz do Senhor, ambas são empregadas corretamente, a diferença está apenas em que os membros da Congregação empregam a aceitação da saudação com um gracioso “amém”, ao passo que os demais evangélicos, não.

Finalizando, o vocábulo Adonay, não existe nem mesmo em o Novo Testamento Hebraico, o que torna impossível a saudação Shalom Adonay como que prescrita nas Escrituras do Novo Testamento. Devemos saudar, não somente os nossos irmãos, mais claro que cristal:

“E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” (Mateus 5.47 - ACF). - O negrito é meu.

Deus vos abençoe.
Romário N. Cardoso

BIBLIOGRAFIA:
תורה נביאים כתובים והברית החדשה. London. Trinitarian Bible Society – TBS;
Alonso Schökel, Luis. Dicionário Bíblico Hebraico – Português. 3ª Edição, 2004. São Paulo, Brasil. Paulus;
L. Holladay, William. Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. 1ª Edição, 2010. São Paulo, Brasil. Vida Nova;
Kaldwell Rirye, Charles. A Bíblia de Estudo Anotada – Expandida. São Paulo: Mundo Cristão, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2007;
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri – SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.


domingo, 21 de julho de 2013

RELAÇÃO ENTRE O SERVO E SEU SENHOR

Deus enviou Seu Filho a este mundo para libertar o ser humano da escravidão em que se encontrava, falido, destituído da glória de Deus e incapaz de se salvar pelos próprios méritos. As ações pecaminosas do homem o colocara em dívida com o Criador, a nota "promissória" era altíssima e requeria o que o homem tinha de mais valioso, a vida. Em razão desse endividamento e a incapacidade em que a humanidade se encontrava, o Filho de Deus se responsabilizou e, enviado pelo Pai Eterno, veio ao mundo pagar uma conta que não era Sua.

O cancelamento da dívida exige uma condição: - Em Ele se tornar o Senhor absoluto dos perdoados pela Sua vida, pela Sua morte e ressurreição. Assim, o ser humano será liberto do antigo senhor, o pecado; estando agora sob outro domínio, o domínio do Senhor Jesus.

Que o liberto do pecado possa dizer agora:

Vivendo ou morrendo nós seguimos ao Senhor. De qualquer maneira somos dele. Cristo morreu e ressuscitou para esse fim mesmo, para que pudesse ser nosso Senhor, tanto enquanto vivermos como quando morrermos.” (Romanos 14.8,9 – A Bíblia Viva).

O texto supra, deixa claro que antes de Cristo morrer e ressuscitar, o homem estava sob o domínio do pecado, sendo assim, como servos ou escravos subjugado a um senhor o pecado. Em razão disto, pregou aos que ainda não criam nEle:

Jesus respondeu: “Vocês são escravos do pecado, todos vocês.” (João 8.34 – A Bíblia Viva).

Ora, sendo o homem servo ou escravo do pecado, logo, Jesus Cristo não poderia ser o Senhor dele por  este ainda não ter se sujeitado ao Seu domínio. A não ser, claro, que este O aceite como seu único e todo suficiente Salvador que o liberte da escravidão pecaminosa, tornando-se o seu Senhor:

Será que vocês não compreendem que podem escolher seu próprio senhor? Podem escolher o pecado (com a morte) ou então a obediência (com a absolvição). Aquele a quem você mesmo se oferecer, este o tomará, será o seu senhor, e você será escravo dele. Graças a Deus que vocês, embora antigamente tivessem escolhido ser escravo do pecado, agora obedeceram de todo o coração ao ensino que Deus lhes entregou. E agora estão livres do velho senhor, o pecado; e tornaram-se escravos do novo senhor, a justiça. Falo desta maneira, utilizando-me da ilustração de escravos e senhores, porque é fácil de compreender: tal como vocês costumavam ser escravos de todos os tipos de pecado, assim também agora é preciso que vocês se deixem escravizar por tudo quanto é justo e santo.” (Romanos 6.16,17,18,19 – A Bíblia Viva).

Todos verão a DIFERENÇA entre os que têm Deus como seu Senhor, e os que não O serve:

Então os que obedeciam e amavam o Senhor falavam muito dele uns aos outros. O Senhor tinha à sua frente um livro onde Ele registrava os nomes dos que lhe obedeciam e gostavam de pensar nele. “Eles serão meus”, diz o Senhor do Universo, “no dia em que Eu criar as minhas jóias. Não deixarei que sofram, como o pai não castiga o filho obediente e prestativo. Então vocês verão a diferença entre o tratamento que Deus dá aos homens bons e aos homens maus, entre os que o servem e os que não o servem.” (Malaquias 3.16,17,18 – A Bíblia Viva).

O fato de alguém andar em iniqüidade e chamar a Jesus Cristo de “Senhor”, não significa que Jesus seja realmente o “Senhor” dele, pois a maneira de vida que cada um leva, pode indicar o contrário:

Mas nós comemos com o Senhor. O Senhor ensinou em nossas ruas’, dirão vocês. E Ele responderá: ‘Eu digo que não conheço vocês. Não podem entrar aqui, porque praticam o mal. Vão embora! ’. (Lucas 13. 26,27 – A Bíblia Viva).

Portanto, amados, embora muitos tenham se sentado à mesa para comer com o Senhor, embora tenham ouvido os ensinos do Mestre, jamais O serviram de coração.

O livre arbítrio do ser humano:

Tomo hoje os céus e a terra por testemunhas contra vocês, que hoje eu dei a vocês a oportunidade de escolherem a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Oh! Escolham a vida! Sim, para que vocês e os seus descendentes possam viver. Tomem a decisão de amar o Senhor nosso Deus e de obedecer a Ele – de ficar junto a Ele! Pois só no Senhor vocês poderão ter vida, e vida longa. Então vocês terão condições de viver em segurança na terra que o Senhor prometeu aos seus antigos pais – Abraão, Isaque e Jacó.” (Deuteronômio 30.19,20).

Graças a Deus, que temos escolhido a “Vida”, que é o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode chegar até o Pai, a não ser por mim.” (João 14.6).

Em outras palavras, para servir ao Senhor ensinando a Palavra de Deus aos homens, devemos nos abster de apresentá-la na forma de "animadores" de auditório, para não sermos como humoristas e confundindo as coisas espirituais com as carnais:


Todos os pregadores que possuem temor de Deus precisam olhar para o Senhor Jesus, imitando-o em sua simplicidade (Mt 11.29). Eles precisam se conscientizar de que o púlpito não é um palco, e sim um altar de onde flui a mensagem do céu! O imitador de Cristo nunca se preocupou em animar auditório. Sua pregação não era um espetáculo. Em Trôade, durante o seu extenso discurso, Êutico até dormiu, vindo a cair do terceiro andar do cenáculo (At 20.6-10)! Talvez ele não caísse se o apóstolo fosse um animador de auditório! Mas também jamais teria conhecido a verdade. (...) Hoje, os pregadores-artistas têm feito muitos discípulos, levando os jovens a pensarem que ser um pregador significa ser um “shouw-man”. Alguns sobem nas cercas em redor do púlpito, dão cambalhotas, deitam, e outros até rebolam! O poder de influência sobre os jovens pregadores é tão grande, que um irmão desabafou: “Hoje em dia, se os macacos falassem, seriam os principais pregadores “. “. (Sanches Zibordi, Ciro. Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria, pág. 172, 9ª Impressão/2012, CPAD, Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

Que o temor de Deus acompanhe em toda a nossa jornada.

Deus vos abençoe.

Romário N. Cardoso


domingo, 14 de julho de 2013

INDÍCIOS DE AVERSÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS CONTRA A CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL


Informativo: Todas as citações referenciais estarão de vermelho.

Toda causa gera algum efeito e todo efeito possui a sua causa.”

A Casa Publicadora das Assembleias de Deus publicou um livro de autoria do pastor Raimundo de Oliveira, “Seitas e Heresias – Um Sinal do Fim dos Tempos”, em sua 38ª impressão – 2011, onde se refere à Congregação na pág. 142 com o seguinte título: “Aversão à Assembléia de Deus”(?); embora a CPAD afirme no mesmo livro não considerar a Congregação Cristã como “seita”, não titubeou em incluí-la no mesmo livro! – Não seria isso, maldade? - Algo para ser meditado.

Com isso em mente, este estudo visa dar uma resposta contra tal propaganda feita pelas Assembleias de Deus - que se fazendo de vítimas - dizem que a Congregação Cristã possui aversão a tal grupo, quando na verdade, a “Missão da Fé Apostólica” (antigo nome da Assembleia de Deus) era ‘exclusivista nas primeiras décadas de sua existência (1911 – 1930) é o que diz Gedeon Alencar, escritor e filho de pastor da Assembleia de Deus:

(...) “neste período a AD tem todas as características de seita: nasce de uma dissidência, é exclusivista, estabelece-se na ruptura com uma instituição, forma-se da adesão voluntária com a mensagem “fundada na continuidade da revelação e interpretação teológica literal das Escrituras, incentiva a formação de líderes espontâneos e carismáticos” (Camargo, 1973:152)”. (Alencar, Gedeon. Assembleias de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911 – 1946), págs. 48,49. 1ª Edição: julho/2010. São Paulo, SP, Brasil).

Jamais, a Congregação Cristã no Brasil produziu livros procurando desmerecer qualquer grupo religioso, mas lideranças das Assembleias de Deus em aversão à Congregação têm produzido vários livros contra a pioneira do pentecostalismo no Brasil, a Congregação Cristã.

Contrária à Assembleia de Deus, o fundador da Congregação Cristã no Brasil não era exclusivista e reconhecia que há salvação fora do grupo que havia formado, pois narra isso ao descrever a história da sua vida cristã antes de haver Congregação Cristã no Brasil e após a fundação da devida Igreja, tal menção não é estranha aos membros da CCB que aceitam o histórico e continuam a distribuir aos membros:

Em 1º de janeiro de 1895, casei-me com Rosina Balzano, salva também em nosso meio, em princípio de 1892. (...) No ano de 1898, o Senhor salvou o irmão Giuseppe Beretta por meio dos Metodistas Livres, Americanos, o qual após algum tempo uniu-se conosco, Presbiterianos italianos.” – O negrito e sublinhado é meu.

Portanto, antes de haver Congregação Cristã no Brasil, Louis Francescon menciona pessoas sendo salvas pelo Senhor Jesus em outros grupos de cristãos, Metodistas Livres e Presbiterianos italianos. Entretanto, a Assembleia de Deus,  não reconhecia o trabalho de Louis Francescon como sendo de Deus, pois diziam que somente a “Missão da Fé Apostólica” (Assembleia de Deus), possuíam a salvação e o Espírito Santo, é o que conta o historiador Gedeon Alencar acerca das origens das Assembleias de Deus, ao falar do sectarismo da AD:

Há muito perdeu o discurso exclusivista da seita (quando só os assembleianos eram salvos e tinham o Espírito Santo), assumindo uma postura inclusivista de relacionamento com outras instituições evangélicas” (...). (Alencar, Gedeon. Assembleias de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911 – 1946), pág. 52. 1ª Edição: julho/2010. São Paulo, SP, Brasil). – O negrito é meu.

Embora os fundadores da Assembleia de Deus tenham tido conhecimento da Congregação Cristã no Brasil e outras igrejas, a ação do Espírito Santo em tais meios era ignorada pela AD, pois somente ela – dizia – tinha o discurso como ‘única verdadeira e completa:

 “O nome do primeiro jornal é “Voz da Verdade”, o seguinte “Boa Semente”, nada mais sintomático. Aliás, há seguidos “testemunhos” de ex-batistas, ex-presbiterianos, ex-adventistas, agora pentecostais, admitindo, enfim, terem encontrado a “verdade completa. (Alencar, Gedeon. Assembleias de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911 – 1946), pág. 49. 1ª Edição: julho/2010. São Paulo, SP, Brasil). – O negrito é meu.

Isso pode ser confirmado, pois é algo que também está presente no Diário de Víngren:

Com a vinda do irmão Silvério Campos, a doutrina pentecostal foi levada para o Interior do Estado do Rio, e alguns pastores da Igreja Cristã aceitaram a verdade completa, como Manoel dos Santos, Manoel Leite, Belarmino Pedro Ramos e outros das Igrejas de Terra Fria e São Joaquim.” (Vingren, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, pág. 141, 5ª Edição/2000. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) – O negrito é meu.

Nos dias atuais, a Assembleia de Deus não mudou seu discurso com referência à Congregação Cristã no Brasil, conservando seu conceito antigo, negando a história e a ação do Espírito Santo em e sobre o fundador Louis Francescon, ainda hoje – em aversão à CCB? - mantém a tradição sectária nos livros de história e sites de que Celina Albuquerque teria sido a ‘primeira’ (?) pessoa no Brasil a receber do Senhor Jesus o batismo com o Espírito Santo:

O conservadorismo é levado tão a sério que qualquer “revisionismo” histórico como este seria impossível. Durante os próximos anos, o Mensageiro da Paz continuaria publicando, e livros de história da AD confirmando, que Celina Albuquerque foi a primeira pessoa no Brasil a ser batizada com o Espírito Santo, porque a tradição assembleiana não pode ser mudada.” (Alencar, Gedeon. Assembleias de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911 – 1946), pág. 144. 1ª Edição: julho/2010. São Paulo, SP, Brasil).

Como pode  esse resquício exclusivista permanecer até hoje? Parece querer torcer a história em seu favor como sendo a primeira igreja pentecostal em atividade no Brasil, algo a respeito já foi publicado em jornal:

A Assembleia de Deus é a mais antiga igreja pentecostal em atividade no Brasil, trazida dos EUA em 1910.” (Folha de São Paulo – 07/08/2001).

Como o referido jornal zela pela veracidade da informação, ao tomar conhecimento do devido equívoco, tornou público o erro na edição seguinte:

Diferentemente do que informou a reportagem “Assembleia de Deus aprova plano para eleições de 2002” (Brasil, pág. A6, 4/8), a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil foi a Congregação Cristã no Brasil, em julho de 1910. A Assembleia de Deus começou a agir em junho de 1911. As duas foram trazidas por missionários europeus vindos dos Estados unidos.

Os fundadores da AD - segundo relato de líderes assembleianos – já tiveram contatos com o fundador da Congregação Cristã no Brasil, Louis Francescon, e aqueles sabiam dos sinais que Deus fez por meio deste e que o grupo formado por Francescon era correspondido por Deus com os dons espirituais, em particular, o dom de novas línguas. Mesmo assim, desprezando a Congregação Cristã e a ação do Espírito Santo em nosso meio, Gunnar Vingren proferiu – historicamente - algo para lá de incompatível:

 “A uma hora da madrugada a irmã Celina começou a falar em novas línguas, e continuou falando durante duas horas. Foi, portanto, a primeira operação de batismo com o Espírito Santo feita pelo Senhor Jesus em terras brasileiras.” (Vingren, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, pág. 40, 5ª Edição/2000. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil)– O negrito é meu.

Será que isso não prova o caráter exclusivista de Víngren, pois afirma de pés juntos em seu Diário que “a primeira operação do Espírito Santo feita pelo Senhor Jesus em terras brasileiras” (glossolalia) ocorreu com uma pessoa de sua igreja, um engano que permanece até hoje em livros e sites de membros das Assembleias de Deus!

A conceituada CPAD deveria seguir o mesmo exemplo do Jornal Folha de S. Paulo , corrigindo erros outrora publicados e informando seus leitores que não foi a senhora Celina Albuquerque e Nazaré as primeiras pessoas no Brasil a receberem do Senhor Jesus o batismo com o Espírito Santo; fazendo isso estaria contribuindo com a história e se comprometendo com a veracidade deste fato, que um ano (1 ano) antes dela, vários membros da CCB já desfrutavam dos dons espirituais no Brasil, antes mesmo da chegada dos missionários suecos em solo brasileiro, confira:

1910 – Em abril, Lombardi retorna para Buenos Aires e Francescon chega ao Paraná, onde estabelece o primeiro grupo de segmento pentecostal no Brasil. Durante sua estadia, onze pessoas creem no evangelho e são batizadas em águas e no Espírito Santo.” (Defesa da Fé – Revista de Apologética do Instituto Cristão de Pesquisas, pág.39 – ICP – Ano 12 – Nº 90 – março/abril de 2011).

O histórico da Congregação Cristã no Brasil e a história da chegada de Víngren e Berg ao Brasil desfaz da balela corrente nos meios assembleianos, pois os pioneiros da AD chegaram ao Brasil apenas em 19 de novembro de 1910 (Diário de Vingren), mas conforme o relato histórico acima, sete meses antes - abril de 1910 – “onze pessoas creram na mensagem pregada por Francescon e foram batizadas em águas e no Espírito Santo. Contra fatos, não há argumentos!

As igrejas denominacionais que já se encontravam instaladas no Brasil e que não creram na mensagem pentecostal e ainda hoje falam contra ela, conforme Gunnar Vingren diz em seu diário, não receberão jamais o perdão de Jesus:

31 de maio. Visitei várias famílias para testificar de Jesus. Começou a chover e eu me abriguei na casa de uma família católica. Isto foi uma excelente oportunidade para eu testificar. À noite falei a uma irmã denominacional sobre o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais, e disse-lhe que a Palavra de Deus afirma que aquele que fala contra essa mensagem não receberá jamais perdão!” (Vingren, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, pág. 64, 5ª Edição/2000. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). - O negrito é meu.

Neste caso, ele faz do reduto pentecostal um grupo exclusivista!

Atitude bem diferente tinha o fundador da Congregação Cristã no Brasil, que cria na salvação concedida pelo Senhor Jesus fora do reduto da Congregação, a todo aquele que nEle crer. Ninguém é batizado com o Espírito Santo para ser salvo, a salvação é dada unicamente à alma convertida pela fé, pelo crer. O mal-feitor que estava na cruz, à direita de Jesus, não recebeu os dons espirituais e tampouco fora batizado com o Espírito Santo falando em outras línguas, no entanto, foi salvo!

Francescon apenas buscou uma promessa de Deus presente em sua Palavra, e que todos os que buscavam um reavivamento espiritual também buscavam de Deus o devido revestimento. Portanto, irmão e irmã, embora você ainda não tenha recebido de Deus tais dons, tenham certeza da sua salvação, ninguém recebe os dons para se salvar, mas para serem “revestidos” da virtude do Espírito Santo (Atos 1.8) falando em outras línguas (Atos 2.4).

Indícios de aversão contra a Congregação Cristã no Brasil é visível até mesmo pelas mentiradas que propagam contra nós, confira:

Eles dizem também, que devem se ater apenas aos 4 evangelhos, pois neles estão as palavras ditas por Jesus.” (Amaral, Pr. José, A Igreja do Véu – Igreja ou Heresia? Toda a verdade sobre a Congregação Cristã no Brasil, pág. 27, 4ª Edição, Intergraph Editora e form. Ltda, Goiânia, Go, Brasil).

Como se pode ver, MENTIRAS contra nós são propagados por alguns líderes dessa igreja como “verdades”!

O pastor presidente da CGADB, ao prefaciar (4ª Edição) o livro do Pr. Amaral, disse:

Tive o privilégio de ler o livro “A Igreja do véu Igreja ou heresia? Fiquei surpreso com muitas minúcias ali registradas”. (Amaral, Pr. José, A Igreja do Véu – Igreja ou Heresia? Toda a verdade sobre a Congregação Cristã no Brasil, pág. 6, 4ª Edição, Intergraph Editora e form. Ltda, Goiânia, Go, Brasil).

Com certeza ele não pulou as passagens onde o autor diz que nos atemos em apenas os 4 evangelhos, que os dois missionários suecos vieram com Louis Francescon ao Brasil, e várias outras inverdades e contradições inúmeras, todas tidas como... "Indestrutíveis"(?) por ele.

Na mesma página, o mesmo ainda fomenta a “indestrutibilidade” das minúcias ali registradas; de duas coisas, uma: - Ou é ignorante acerca da nossa fé, ou, usou de má fé!

Como nos primórdios de suas origens exclusivista, dizem que a mensagem do evangelho propagada por nós, é... “Incompleta”(?):

Gostaria de todo o meu coração que eles acordassem para a verdade do Evangelho do Senhor Jesus Cristo em sua totalidade, e alcançassem o fundamento da graça e da fé.”. (Amaral, Pr. José, A Igreja do Véu – Igreja ou Heresia? Toda a verdade sobre a Congregação Cristã no Brasil, pág. 33, 4ª Edição, Intergraph Editora e form. Ltda, Goiânia, Go, Brasil). - O negrito é meu.

Ora, o fundamento da graça e da fé, é Cristo Jesus, nosso Senhor! Esses líderes estão dizendo que todos estamos perdidos por ainda não termos alcançado a salvação que há pela graça e fé em nosso Senhor Jesus Cristo! Isto não seria aversão contra nós?

Mais uma referência mentirosa como suposta “minúcia indestrutível” – mas, que é revestida com palha seca:

Luís Francescon saiu com mais dois irmãos com destino ao Brasil, inclusive estes outros dois começaram o movimento pentecostal em Belém do Pará, dando origem a Assembléia de Deus no Brasil.” (Amaral, Pr. José, A Igreja do Véu – Igreja ou Heresia? Toda a verdade sobre a Congregação Cristã no Brasil, pág. 14, 4ª Edição, Intergraph Editora e form. Ltda, Goiânia, Go, Brasil).

Todos sabem que a data da chegada de Louis Francescon ao Brasil diverge da chegada dos dois fundadores da AD.

Um exemplo de heresia é descrito pelo escritor Batista, Dr. Aníbal Pereira Reis, em seu livro “Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos, Edições Caminho de Damasco Ltda, 1982, São Paulo, Brasil“, sobre o tema “UM PRIMOR DE PÁGINA PENTECOSTALISTA”, o Dr. Aníbal escreveu sobre algo encontrado na revistaA SEARA”, e dispara:

Trata-se de UMA ASSOMBROSA CARTA DA RÚSSIA divulgada pela revista A SEARA, nº172 de Julho de 1979, ano XXIII, páginas 10 e 11, órgão editado pela CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL, cujo diretor e o sr. Abraão de Almeida, um dos mentores destacados desse grupo pentecostalista. A carta teve sua divulgação sob inteira responsabilidade da própria revista em cuja apresentação se destaca a seguinte frase: "UMA MULHER, QUE ERA MEMBRO ATIVO DO PARTIDO COMUNISTA DA UNIÃO SOVIÉTICA, DESPREZAVA OS CRENTES E VIVIA NO PECADO, MORREU, FOI AO HADES E RESSUSCITOU CONVERTIDA CONTANDO SUA EXPERIÊNCIA E PREGANDO O EVANGELHO". (Pereira Reis, Aníbal. Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos, pág. 38, 2ª Edição Caminho de Damasco Ltda, 1992, São Paulo)

Depois de reescrever em seu livro toda a narrativa descrita na tal revista, o Dr. Aníbal comenta com uma severa crítica:

Impossível omitir dois ou três comentários. Além de fantasiosa a carta é falsa. Não digo falsa apenas em sua origem. Falsa no seu conteúdo. Começa por aí! Nem aparece o nome da autora. Menciona apenas um isolado André desacompanhado do nome de família. Falta, outrossim, referência a nomes dos médicos. Enfim, um relato destituído de qualquer base ou comprovação de sua veracidade. O fato em si é pura ficção. E descamba para as regiões espiritistas. Aquela estória de o espírito ficar por aí a rodear e a rondar o corpo inerte... A patacoada se restringiria ao gênero do conto e da anedota se não afetasse diretamente ensinos evidentes da Palavra de Deus.” (Pereira Reis, Aníbal. Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos, 2ª Edição 1992, Edições Caminho de Damasco Ltda, São Paulo - Brasil).

Sem contar que conversão se dá em vida, mas, segundo o traslado da devida revista feito pelo Dr. Aníbal, a conversão se deu no inferno, não devemos crer em conversão no inferno, que ela ‘saiu’(?) do inferno já convertida! Um morto poder sair do hades contraria diametralmente a Escritura.

A devida estória pode ser lida na íntegra, aqui: http://www.ubeblogs.com.br/profiles/blogs/o-lado-espirita-das
(Pesquisa do link, feita as horas 15:23 em 14/07/2013).

Voltando ao assunto, eu poderia escrever muitas coisas que apontam indícios de aversão contra nós, membros da Congregação Cristã, mas paro por aqui; que este artigo sirva de reflexão a todos, antes de querer apontar o indicador para quem quer que seja.

Não tenho rancor contra assembleianos, pelo contrário, tenho grande carinho pelos mesmos e tenho contato com conhecidos meus que são pastores, evangelistas e presbíteros; com todos eles sempre tenho amistoso diálogo. Vez e outra vou na casa de um evangelista da Assembleia de Deus, pessoa digna do meu respeito. Este artigo visa apenas como sendo uma resposta aos artigos elaborado por "certos" líderes, uma amostra pública sobre o outro lado da "moeda".

Deus vos abençoe.


Romário N. Cardoso