segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

SHE'OL OU HADES - MORADA DAS ALMAS DESENCARNADAS


Esta é, sem sombra de dúvida, uma das questões menos conhecida por muitos, sendo traduzida em nossas Bíblias como “seol”, erroneamente por “sepultura” e “inferno” (lat. infernus), sendo traduzido também por “morte”. Nas Escrituras do Novo Testamento, hades ocorre dez vezes, a saber: MT 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27, 31; I Cor 15.55; AP 1.18; 6.8; 20.13, 14. Em 1 Cor 15.55, trata-se de uma variante textual.

É necessário fazermos distinção entre seol (she’ol) e sepultura. Para sepultura, as Escrituras hebraicas possuem um termo específico que é qeber e não she’ol. Nas Escrituras Gregas o equivalente para she’ol é hades, e, assim como acontece no hebraico também acontece no grego bíblico. Nas escrituras gregas a palavra específica para sepultura não é hades, mas taphe. Ainda, há outro termo que especifica uma “tumba ou sepulcro”, mas apenas no sentido de “tumba monumental” cuja palavra é “mnêma” (monumento sepulcral). Foi um mnêma que José de Arimatéia fez para si, mas cedeu para sepultar o corpo de Jesus (Mc 15.46).

Portanto, uma vez esclarecido, sabe-se que she’ol não é sinônimo de “qeber (sepultura) da mesma forma que hades não o é de taphe (sepultura).

Um corpo jamais é depositado no hades ou she’ol, mas no taphe ou qeber. Os homens podem cavar e apalpar qeber ou taphe, mas nunca cavam ou apalpam o she’ol ou hades. Enquanto o corpo é depositado na “sepultura” (qeber/taphe), a alma desencarnada destina-se à região inferior e invisível, ao hades ou she’ol.

Taphe (sepultura) é um substantivo derivado do verbo “tháptõ” (sepultar), o que indica o ato de sepultar numa fossa ou habitação subterrânea. Notemos ainda, que taphe também significa “cemitério”, isto é, campo destinado para sepultamento de cadáveres:

E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério (taphe) de forasteiros.” (MT 27.7). – O negrito é meu.

O rico e Lázaro, ambos morreram e tiveram seus corpos sepultados (taphe), mas a alma desencarnada de lázaro foi levada pelos anjos ao seio de Abraão, ao passo que o rico foi parar no hades (Lc 16.22, 23). O she’ol ou hades é algo real, e a Escritura o apresenta como sendo um “lugar” (Lc 16.28). O corpo do rei Davi foi sepultado (taphe) e sua tumba monumental (mnêma) ainda existia no tempo dos apóstolos (At 2.29). O corpo do Senhor também foi sepultado (taphe) numa tumba monumental (mnêma), mas sua alma desencarnada esteve no hades (At 2.31) não sendo abandonada nesse lugar, ressuscitando dentre os mortos.

Como se pode constatar pelas Escrituras, o she’ol ou hades não é destinado a sepultamento de cadáveres, mas das almas desencarnadas. Para se chegar ao hades ou she’ol implica um “descer”:

Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno (hades); porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.” (MT 11.23). O negrito é meu.

A única ocorrência nas Escrituras onde corpos desceram ao she’ol ou hades, se deu por castigo de Deus, pois fez que rebeldes descessem vivos ao she’ol. Somente Deus pode lançar tanto o corpo quanto a alma no she’ol, ninguém mais:

E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens. Eles e todos os que lhe pertenciam desceram vivos ao abismo (she’ol); a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.” ( Nm 16.31, 32, 33). - O negrito é meu.

Fica evidente, assim, que she’ol ou hades é distinto de sepultura (taphe) comum dos corpos sem vida, não sendo palpável ou aberto pelos homens. Somente Jesus tem as chaves do hades, sendo esta a habitação dos perdidos, mas que inclui também a habitação dos santos precedentes a ascensão do Senhor.  É sabido, porém, que as almas do povo de Deus nesse lugar assim como suas condições estavam sob constante vigilância do Senhor, e que na antiguidade os judeus faziam distinção em dois paraísos:

Os judeus faziam distinção entre paraíso superior e paraíso inferior, o primeiro era uma parte do céu e o segundo uma divisão do Hades destinado às almas dos justos.” (D. Davis, Jonh. Dicionário da Bíblia, JUERP, 12ª Edição).

Assim, pode-se compreender perfeitamente a menção feita por Cristo sobre o rico e Lázaro, o rico estava no hades; Lázaro no paraíso, isto é, uma divisão do hades que Jesus chamou de “seio de Abraão”.

Romário N. Cardoso

domingo, 30 de novembro de 2014

HÁ VIDA CONSCIENTE APÓS A MORTE?


O estado de consciência após a morte é algo que traz controvérsia entre muitos, digo isso no quesito de crenças diversificadas entre a cristandade. Alguns confundem a palavra “sono” ou “dormir” como sendo um estado de inconsciência e as referências que sempre procuram citar não possuem fundamentação de que não há consciência das almas dos mortos na esfera que agora estão, mas sim o fato de estarem alheios aos acontecimentos do mundo dos vivos. Infelizmente, há irmãos que creem no estado de inconsciência após a morte, mas vejamos o que dizem as Escrituras.

Quando as Escrituras usam o termo “dormir” referindo-se a morte, apenas está fazendo uso de uma metáfora pela semelhança entre uma coisa e outra:

”Este uso metafórico da palavra sono é apropriado, por causa da semelhança na aparência entre um corpo dormente e um corpo morto; tranquilidade e paz normalmente caracterizam ambos. O objetivo da metáfora é sugerir que assim como aquele que dorme não deixa de existir enquanto o corpo dorme, assim a pessoa morta continua a existir, apesar de sua ausência da região na qual aqueles que ficaram podem ter acesso ao corpo morto, e que, assim como sabemos que o sono é temporário, assim será a morte do corpo [...].” (E. Vine. W.; White Jr. William – Dicionário Vine – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, 2ª Edição 2003, pág. 578, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

Sabemos que enquanto o corpo do cristão se desfaz no pó, sua personalidade espiritual permanece viva e parte para estar com Cristo (Filipenses 1.23). Foi o Senhor Jesus quem mostrou claramente o estado de consciência após a morte ao narrar sobre o rico e Lázaro (Lucas 16.19). Ambos morreram, o rico foi para o hades e Lázaro foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Cristo apresentou o estado de consciência das almas desencarnadas, pois ao rico lhe foi dito para se “lembrar” (Lucas 16.25) da vida que levava na terra, este confirmou sua consciência, pois se lembrou da “casa de seu pai e dos cinco irmãos” (Lucas 16.27,28).

É verdade que para alguns estudiosos se trata de uma ‘parábola’ (?), mas é contestado por outros. Algumas Bíblias trazem o título “A Parábola do Rico e Lázaro”, título este que não faz parte do texto Grego mas que é acrescentado por alguns tradutores por pensar ser uma parábola.
O importante, é que sendo parábola ou não, sabemos que a função da parábola é transmitir verdades espirituais. O rico depois de morto não sabia o que se passava sobre a terra, na casa do seu pai; mas sabia que pela vida que levavam na terra quando ainda estava entre eles, o destino deles seria o mesmo que o dele – o hades.

Abraão foi claro ao dizer que os vivos sobre a terra tinham “Moisés” (a lei) e “os profetas” (pregadores). Que deem ouvidos a eles, pois se não crerem neles tampouco crerão ainda que um dos mortos ressuscite.

Não obstante, alguns advogam que na morte os “pensamentos” perecem, e para isso evocam Salmos 146.4:

Sai-lhes o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” (O negrito é meu).

Ora, amados em Cristo Jesus,  para nos desvencilharmos desse argumento apócrifo que procura associar o termo “pensamento” presente no referido texto como sendo “consciência”, é necessário recorrermos ao original hebraico para aniquilar de vez esse argumento estapafúrdio! A referida passagem nada tem a ver com estado de consciência, mas de projetos e planos para vida terrena. A palavra hebraica para “pensamento” no referido texto é ‘eshttonet, significando “plano, projeto” e não estado de consciência após a morte. Assim, o texto apenas expressa que na morte os homens são impedidos de concluírem seus projetos ou planos futuros, e é isso que Tiago adverte aos que fazem projetos/planos sem colocar a vontade do Senhor sobre eles:

Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna.” (Tiago 4.13, 14, 15,16).

Tiago nos fala e exorta acertado com Salmos 146.4, pois todo projeto/plano (pensamentos para o futuro) termina e cessa com a morte. Ambos os textos nada diz sobre estado de consciência após a morte, mas de planos e projetos humanos. Para compreendermos, também, a ideia do que vem a ser a expressão “dormir” ou “sono” em conexão aos mortos, devemos analisar a origem da palavra cemitério:

”Os cristãos primitivos adotaram a palavra koimeterion (que era usada pelos gregos para designar albergue para estranhos), a fim de aludir ao lugar de sepultamento dos corpos dos que faleciam; daí a origem da palavra ‘cemitério’, que significa ‘dormitório’, ‘o lugar dos que dormem’. (E. Vine. W.; White Jr. William – Dicionário Vine – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, 2ª Edição 2003, pág. 578, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

Assim, fica claro que o verbo “dormir” deve ser aplicado apenas ao corpo inerte e sem vida que irá para o “koimeterion” (cemitério = dormitório, o lugar dos que dormem), e não  a alma desencarnada que permanece vivo e que parte para estar com Cristo. No livro de Apocalipse, João viu as almas desencarnadas que clamavam a Deus pedindo vingança, pois se “lembravam” (Apocalipse 6.9,10) de que foram mortos, cujo sangue fora derramado sobre a terra. Vemos ai, mais um estado de consciência das almas desencarnadas.

As Escrituras dizem que o homem é alma vivente (Gênesis 2.7), conquanto falando do “físico” da vida do corpo, a alma pode ser ferida e morrer (Ezequiel 22.25,27); mas em se falando da alma que o homem tem “dentro dele” (Salmos 42.6) homem algum pode matar ou destruir, quem diz isso é Jesus:

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. (Mateus 10.28).

Deus vos abençoe

Romário N. Cardoso

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

AVISO A TODOS OS IRMÃOS:

Quem deseja entrar em contato comigo, favor contatar-me no seguinte endereço:

apologia.didache.ccb@gmail.com



Meu antigo email "sakaledah@yahoo.com.br" está DESATIVADO!

Deus abençoe!
Romário N. Cardoso

domingo, 1 de junho de 2014

UM CORAÇÃO ENTREGUE A DEUS

Há quem discorda de que Deus queira somente nosso coração. Concordo, sim, com a ideia, e até a defendo. Quando entregamos nosso coração a Deus, depositamos em Suas mãos todo nosso ser, o controle total do nosso corpo e alma para que neles Seu Eterno nome possa ser glorificado. Entregando a Deus tão somente nosso coração, estamos entregando – da mesma forma - nossa mente que é a sede da vontade humana. Coração (hebr. lev’) em hebraico é sinônimo de “mente”, e o corpo faz o que é determinado pela mente, ou seja, pelo coração.

Jesus testificou isso:

Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15.18,19).

Assim, o corpo é o veículo pela qual a mente/coração usa para realizar e cumprir seus propósitos. O que fazemos ou falamos reflete o estado do coração. Portanto, um coração entregue a Deus é manifesto pelas suas ações, se agir contrário aos propósitos divinos significa que o coração está entregue aos desejos humanos e não ao divino. O corpo serve ao propósito da mente (coração), em razão disso as Escrituras advertem:

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4.23).

Não sou liberal, tenho um outro entendimento sobre a questão "entregar o coração a Deus", pois não o enxergo com um simples órgão do corpo; mas um membro que dirige e controla toda a vontade humana, e isso segundo as Escrituras, razão de Deus fazer tanta menção na Bíblia no tocante ao coração dos homens.

A sabedoria, diz:

Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.” (Provérbios 23.26).

Quem realmente entregou seu coração a Deus, vive de corpo e alma em comunhão com a mente/coração de Cristo, foi para isso que Ele veio, converter (mudar) o coração dos homens para Deus. Quem assim procede, guarda-se a si mesmo da corrupção do mundo e seus costumes, não se misturando com ele. Jesus Cristo veio ao mundo e lançou a semente para que fôssemos um diferencial como luz do mundo e sal da terra. Bons costumes têm tudo a ver com nosso bom porte cristão e o que vem a corrompê-los a Escritura chama de... “Más conversações” (1Cor 15.33).

Entregar o coração a Deus não é entregar um simples órgão do corpo humano, mas entregar o controle de todo seu ser ao domínio e disciplina do Eterno – enaltecido seja Ele.

quinta-feira, 20 de março de 2014

CULTO ÀS IMAGENS - CULTO A MARIA E REFUTAÇÃO

Todas as citações deste estudo estarão em itálico. O culto a Maria é algo peculiar do Catolicismo Romano e derivados, e Catolicismo Ortodoxo. A palavra “católica” deriva do grego significando “universal”, ao passo que “romana” é termo derivado de “Roma”. Há uma contradição entre esses dois termos pelo fato de Roma não ser universal e sim local. Portanto, é contraditório ser romana e universal ao mesmo tempo. É válido lembrar que o pecado também é "católico", isto é, universal; pois está presente em todo lugar, em cada ser humano. O Cristianismo sim, por ser universal é destinado a todos os povos, nações e línguas em razão de a salvação em Cristo Jesus ser proclamada a todos os homens (Atos 4.12). Nossa cidade está no céu, sendo esta chamada de “Jerusalém de cima” (Gl 4.26) e não Roma que é debaixo. Somos “o Israel de Deus” (Gl 6.16) e não, ‘Roma de Deus’ (?)!

Evangélicos procuram importar suas doutrinas unicamente das Escrituras Sagradas; diferentemente, o Catolicismo Romano diz estar fundamentada nas 'Sagradas Escrituras, Sagrada Tradição' e no 'Sagrado Magistério'. Portanto, quando ensinos Católicos Romanos não encontram respaldo nas Escrituras, passam a apelar para a "Tradição" e ao "Magistério". Sobre a pessoa de Maria, não é novidade apologistas Católicos argumentarem que não prestam adoração a Maria, mas veneração, como se veneração e adoração não fossem sinônimos em sentido religioso. É digno de nota que no Catolicismo Romano se presta culto às imagens – em particular à suposta imagem de Maria. Ora, segundo eles mesmos, apenas veneram as imagens dos ‘santos’ e não as adoram; não obstante, as próprias Bíblias Católicas aplicam as palavras venerar e adorar como sinônimas, como que trocando seis por meia dúzia, e isso no contexto Bíblico da idolatria:

ADORAR OU VENERAR

Cativados pelo mal, não merecem esperar senão o mal, os que o fazem, os que o amam e os que o veneram.” (Sabedoria 15.6 – Bíblia Sagrada Ave Maria, Edição Claretiana – 2012 – Editora Ave Maria). – O negrito é meu.

Esses amantes do mal merecem confiar em tais coisas: tanto os que as fabricam, como os que as amam e adoram.” (Sabedoria 15.6 – Bíblia Sagrada Tradução da CNBB com Introduções e Notas). O negrito é meu.

Conforme demonstrado acima, ambos os termos são sinônimos quando aplicado em sentido religioso (que fique claro), isto é comprovado pelo Dicionário Latino – Português:

Adoratio, nis, app. f. (de adorare). (...) Apul. Supplica dirigida respeitosamente, adoração, veneração, culto a Deus, respeito profundo, ceremonia religiosa.” (F. R. Dos Santos Saraiva, Novíssimo Dicionário Latino – Português, Etimológico, Prosódico, Histórico, Geográfico, Mitológico, Biográfico, Etc. 12ª Edição, Livraria Garnier, Rio de Janeiro/Belo Horizonte – Brasil). O negrito é meu.

Ainda, outro Dicionário atesta o sentido religioso do termo:

Adorar  v.t.d. 1) Render culto a uma divindade. 2) Venerar. 3) Amar extremamente, idolatrar.” (Minidicionário Português Com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa – Edição Atualizada.  Editora Provenzano).

Como se pode ver, adoração e veneração são apenas palavras diferentes, mas que possuem o mesmo resultado no círculo religioso, cultual. A veneração a Maria mãe de Jesus é superlativa  no círculo Católico, certa literatura, diz:

Não receia S. Bernardino de Sena concordar com a sentença de que “ao império de Maria todos estão sujeitos, até o próprio Deus”. Isto é, Deus lhe atende os rogos como se foram ordens.” (Afonso de Ligório, Santo. Glórias de Maria, pág. 152, Editora Santuário, Aparecida – SP – Brasil).

Heresia tal que... Dispensa até comentário! Difícil é imaginar Paulo, Pedro e os demais apóstolos juntos com a Igreja carregando imagens de escultura sobre os ombros em procissão pelas ruas. Impossível os apóstolos se ajoelharem perante Maria clamando por proteção, ou ainda rogando a ela. Nenhum dos apóstolos venerava Maria, estes desconheciam por completo a mega quantidade de crenças criadas em torno dela, tais criações nada tem a ver com os apóstolos. As Escrituras Sagradas não ensinam nenhuma devoção religiosa à Maria, muito menos que se deve rogar a ela com orações e súplicas.

O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

O Papa Pio IX declarou em 1854:

A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original.” (Catecismo da Igreja Católica, 491).

Curioso, é que a outra ‘igreja’ Católica “Ortodoxa” contradiz esse dogma Romano crendo que Maria era pecadora. Quando a ‘igreja’ Romana afirma a ‘Imaculada Conceição’ (?) o faz estribada em Lucas 1.28, vejamos o que diz o texto, segundo uma Bíblia Católica:

“Entrando, o anjo disse-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Bíblia Sagrada Ave Maria, Edição Claretiana – 2012 – Editora Ave Maria).

Ave, é saudação latina:

Ave, seg. pess. Sing. Imper. de avere. Bom dia, Deus o salve.” (F. R. Dos Santos Saraiva, Novíssimo Dicionário Latino – Português, Etimológico, Prosódico, Histórico, Geográfico, Mitológico, Biográfico, Etc. 12ª Edição, Livraria Garnier, Rio de Janeiro/Belo Horizonte – Brasil).

Portanto, à luz do latim “Ave, cheia de graça” significa “bom dia, cheia de graça”, ou ainda, “Deus a salve”. Esta última, ela entendeu, pois confessou que seu espírito se alegra em “Deus, meu Salvador” (Lucas 1.47), isto é, alegrou-se em Jesus o Salvador dela e de todos os outros pecadores. Se Maria não tivesse pecado, não necessitaria de salvador, salvava-se a si mesma. Em Grego, cheia de graça corresponde a “charitóõ” (Lucas 1.28); tal graça não é exclusividade de Maria, pois o mesmo vocábulo dirigido a Maria também é dito acerca da Igreja, “charitóõ”, cheia de graça (Efésios 1.6); não sendo, portanto, exclusividade de Maria.

Em Gênesis 3.15, dizem ainda que quem esmagará a cabeça da serpente é ela, Eva; pois a Bíblia Vulgata diz “ela” (lat. ipsa) e não “ele” (lat. ipsi).  Os Católicos romanos dizem isso porque afirmam ser Eva um tipo de Maria - ela. A Bíblia Vulgata nada mais é do que uma “tradução” que não satisfaz - neste quesito - o Grego (Septuaginta) muito menos a Bíblia Hebraica. O Texto da Septuaginta diz ‘autós sou terései kephalen” (ele te esmagará cabeça) e o original Hebraico diz “hu’ (ele) yeshufkha ro’sh ve’attah teshufennu ‘aqeb” - ele (hebr. hu’) te esmagará cabeça, e tu esmagarás calcanhar”.

Portanto, quem esmagará cabeça da serpente é ele (hebr. hu’; gr. autos) – Jesus Cristo, e não Maria. A Vulgata traduziu o pronome masculino (hebr. hu’) de forma para lá de equivocado (no feminino, lat. ipsa), e essa crença Católica não se sustenta pela “raiz” que é o original Hebraico, muito menos pelo tronco que é a versão dos Setenta (LXX)!

CULTO ÀS IMAGENS

Para “explicar” que não são idólatras, apologistas Católicos argumentam haver três tipos de “culto”, denominados por eles de “latria” (culto exclusivo a Deus); “dulia” (douleuo - servir) culto ‘aplicável aos santos’ (?) e “hiperdulia” (hyper – acima de; douleuo – servir), hyperdouleuo, significa “servir acima de” aplicam a Maria um serviço acima de, ou mais que os outros.

Ora, não é o fato de apresentarem outras palavras que o significado não seja o mesmo de adorar, ledo engano! Como Cristãos, não devemos prestar culto a nenhuma criatura, e isso independe das variações de nomes, se proskyneo, latria, douleuo ou hyperdouleuo! Quando se diz “culto”, de modo insofismável diz respeito ao campo religioso, significando adorar. Quem diz isso é a própria literatura Católica Romana – artigo acadêmico! Vejamos o que diz tal publicação da Editora Paulus:

Douleuõ: vb. (...) 2. transl.: em sentido religioso, teológico: a. prestar culto, adorar: Rm 12,11”. (Rusconi, Carlo, Dicionário do Grego do Novo Testamento, Editora Paulus, São Paulo – Brasil).

Assim, a própria literatura Católica é quem afirma que o termo douleuo aplicado no sentido religioso para culto, é adorar! Quando Católicos prestam culto de “douleuo” às imagens, ou ainda hyperdouleuo à Maria estão na verdade adorando-as, praticando idolatria.

O referido Dicionário apontou Rm 12,11, vejamos quem é digno do culto de douleuo:

 Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo (Gr. douleuo) sempre ao Senhor”. (Romanos 12,11). O negrito é meu.

Como pode ser constatado pelo texto Bíblico, “douleuo” (servir) em sentido religioso de culto é “sempre ao Senhor”, a ninguém mais! Notem que o texto afirma que o nosso douleuo é “sempre ao Senhor”... Sempre! Mas na contramão da Escritura os Católicos Romanos exigem uma “hyperdouleuo” (servir acima de, mais que) o Senhor. Para Deus, conforme o texto Bíblico, “culto de douleuo”; mas para Maria, “culto acima de” (hyperdouleuo) o Senhor? Trata-se de uma heresia, pois nenhuma criatura é digna do nosso douleuo no sentido de culto, imagine então dar hyperdouleuo... É honrar e servir a criatura mais que o Criador, para longe de nós tal heresia!

Imagine então excluir Deus de uma expressão Cristã e no lugar substituí-Lo por Maria, impossível? – De modo algum. Isso já foi feito por um servo de Maria que, na ânsia de exaltá-la, a colocou num lugar que pertence a Deus, confira:

(...) “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8,31).

(...) “Se Maria é por nós, quem será contra nós?” (Afonso de Ligório, Santo. Glórias de Maria, pág. 90, Editora Santuário, Aparecida – SP – Brasil).

Ora, o serviço que todos os cristãos tributam a Deus é serviço cultual, adoração; assim, porventura não estão a nivelar a escrava Maria com o seu Criador dando a ela o mesmo servir (douleuo) que é dado ao Deus criador? - Confira:

De modo que, na frase de S. Bernardino de Sena, quantas são as criaturas que servem a Deus, tantas também devem servir a Maria.” (Afonso de Ligório, Santo. Glórias de Maria, pág. 35, Editora Santuário, Aparecida – SP – Brasil).

Mas que ousadia! Nós Cristãos não servimos a Deus no mesmo sentido que servimos uns aos outros. Para Deus, nosso "servir" (dulia) é cultual, é adoração (proskyneo; latreia; douleuo), a ninguém mais! Exigem "também" para Maria o "servir" (dulia) que é dado a Deus!

"Respondeu-lhe Jesus: “Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (Deut. 6,13).” (Mateus 4.10 - Bíblia Sagrada Ave Maria). - O negrito é meu.

No texto grego o vocábulo "adorarás” não é latria, mas “proskyneo”! Ao passo que “servirás” é “latria”. Para repreender Satanás, Jesus evocou o texto Hebraico de Deuteronômio 6.13, e no texto Hebraico o correspondente de latria é ‘aba, vejamos o significado de ‘aba no Dicionário Bíblico Hebraico – Português da Editora Paulus, uma Editora Católica Romana:

‘aba 4. Campo do culto. A) Venerar, servir, adorar.” (Alonso Schokel, Luis. Dicionário Bíblico Hebraico – Português, pág. 474, 3ª Edição 2004, São Paulo – Brasil).

Como se pode ver, latria em Hebraico é ‘aba, significando “venerar, servir, adorar”. Assim, quando se “venera” Maria e imagens, estão na verdade “servindo-as ou adorando-as”, cuja palavra em grego nada mais é que latria - consequentemente - idolatria! Simples assim. É o que sempre venho dizendo, em sentido religiosovenerar” é o mesmo que “adorar”, douleuo significa “servir”, o mesmo significado hebraico de ‘aba o qual corresponde ao grego latria... E isso é comprovado pelos artigos Bíblicos Acadêmicos da própria ‘igreja’ Romana.
 
Portanto, na sã doutrina deixada pelos apóstolos não há lugar para que se possa servir ou prestar culto a “escravos”, mas ao Senhor deles.

CULTO À MARIA

Assim consta no Catecismo da Igreja Católica:

Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48): “A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão.” (Catecismo da Igreja Católica 971).

Ora, o fato de Maria ser bem-aventurada não lhe confere nenhum direito de ser “cultuada”, pois o ato de cultuar é intrínseco à adoração! Isso já foi explicado anteriormente sobre os termos adoração/veneração, latreia, douleuo e hyperdouleuo. A primeira pessoa a chamar Maria de bem-aventurada – talvez no intuito de exaltá-la mais que as outras santas de Deus – foi uma mulher dentre a multidão, a qual Jesus replicou estendendo essa bem-aventurança a todos os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam:

Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!” Mas Jesus replicou: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!” (Lucas 11. 27,28 – Bíblia Sagrada Ave Maria).

É o que nós evangélicos fazemos, seguimos o exemplo dado pelo Senhor Jesus e também replicamos, pois essa bem-aventurança é estendível a todos os que ouvem a palavra de Deus e a observam.

Literatura Católica, afirma:

Não sabeis que é ela a única cidade de refúgio e a única esperança dos pecadores? Também nos sermões atribuídos a S. Agostinho, Maria é chamada nossa única esperança.” (Afonso de Ligório, Santo. Glórias de Maria, pág. 105, Editora Santuário, Aparecida – SP – Brasil).

Só se for única esperança dos Católicos Romanos, pois a única esperança Cristã está depositada sobre a pessoa do Senhor Jesus, pois debaixo do céu nenhum outro nome foi dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos:

Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4.12).

Portanto, não há salvação no nome de Maria, Pedro ou qualquer outro “santo”, unicamente há salvação no nome do Senhor Jesus, outro nome não leva a lugar algum a não ser ao campo dos perdidos.

Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10.13).

No livro “Glórias de Maria”, escrito por um 'doutor' e ‘santo’ do Catolicismo Romano, conhecido por “santo Afonso Maria de Liguori”, tributam a Maria os nomes de “Divina Mãe, onipotente, onividente, porta do céu, única esperança”, etc. Todos esses nomes não são aceitos pelos Evangélicos exatamente pelo fato de as Escrituras Sagradas serem nossa única regra de fé e prática, conforme consta em nossa doutrina.

Ao invocar outro nome para ser salvo, é estar com passagem falsificada, entrar em barco furado e fazer morada nas profundezas. Que Deus nos livre disso! 

Há ainda muitos ensinos estranhos às Escrituras referente a pessoa de Maria, serva de Deus, mas que não foi mencionado aqui para não alongar muito esse estudo.

Romário N. Cardoso