Certo líder
religioso argumentou que a igreja deveria ser como as cidades de refúgio que
Deus designou para receber a quem matar uma pessoa involuntariamente. À primeira vista, tal argumento parece
demonstrar estreito vínculo entre o papel da igreja com as seis cidades de
refúgio; mas... Examinando cuidadosamente, a Igreja não tem nada a ver com
Cidades de Refúgio, analisemos:
. AS CIDADES DE REFÚGIO - Antes que os israelitas tomassem a
terra que o Senhor os dava por posseção, Deus deu mandamentos a Moisés para que
instruísse o povo que separassem da terra três cidades de refúgio destinado a
todo homicida involuntário,
protegendo assim, a sua vida contra o vingador:
“Este é o caso tocante ao homicida que nelas
se acolher, para que viva: aquele que, sem o querer, ferir o seu próximo, a
quem não aborrecia dantes. Assim, aquele que entrar com o seu próximo no
bosque, para cortar lenha, e, manejando com o impulso o machado para cortar a
árvore, o ferro saltar do cabo e atingir o seu próximo, e este morrer, o tal se
acolherá em uma destas cidades e viverá; para que o vingador do sangue não
persiga o homicida, quando se lhe enfurecer o coração, e o alcance, por ser comprido
o caminho, e lhe tire a vida, porque não
é culpado de morte, pois não o aborrecia dantes.” (Deuteronômio 19:4,
5, 6). - O negrito é meu.
Assim, as
cidades serviam para amparar apenas o homicida involuntário, inconsciente,
irrefletido; isto é, a todo aquele que ferisse algum homem mortalmente sem o
querer. Também,
anteriormente Moisés já havia separado três cidades na Transjordânia
(Deuteronômio 4: 41, 42, 43). O rabi Moshé
Ben Maimon (Maimônides), em seu livro “Os 613 Mandamentos”, título original
“TARIAG HÁ – MITZVOTH”, comenta:
“Por este preceito somos ordenados a separar
seis Cidades de Refúgio que estejam prontas para receber a quem matar uma
pessoa involuntariamente, e a construir estradas que levem a elas e a nivelar
essas estradas, não deixando nelas nada que possa atrapalhar o fugitivo em sua
fuga.” (Maimônides – Os 613 Mandamentos, pág. 158, Nova Stella Editorial,
1ª Edição: 1990. São Paulo – SP, Brasil). - O negrito é meu.
Destarte,
pela lei divina o homicida involuntário não
é culpado de morte, por não ter matado por querer, de forma não intencional.
. A IGREJA –
Esta não pode ser comparada como Cidades de Refúgio, uma vez que a igreja é
composta por todos os que dantes eram culpados
de morte e para estes não havia cidades para se refugiar. A Igreja não é o
refúgio, pelo contrário, é composta por todos os refugiados em Cristo, e esta foi comissionada a proclamar como único Refúgio o nome
do Ser que pode tirar de nós toda a culpa ao morrer em nosso lugar, o nome do Senhor Jesus. Portanto, o Refúgio de
todo pecador voluntário está em unir-se à Igreja - Corpo de Cristo - para estar debaixo da proteção
do esposo Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ninguém se refugia em nome de igreja, mas em o nome do Senhor, pois em nenhum outro nome há refúgio ou salvação (Atos 4:12). A humanidade não é inculpável perante Deus
(Romanos 3:10, 19, 20), sendo digna de morte pela mão divina. Para a humanidade
caída não há cidade onde se possa esconder ou se refugiar da ira de Deus:
“Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de
modo que eu não o veja? – Diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a
terra? – Diz o Senhor.” (Jeremias 23: 24).
Somente o
Senhor Jesus pelo Seu precioso sangue nos torna inculpáveis perante Deus, o Pai; justificando
ou tornando-nos justos pela Sua obra expiatória consumada no madeiro da cruz. Todo
pecador procura seu refúgio em o nome do Senhor Jesus, somente em Seu nome
encontramos refúgio, guarida contra a morte; esta é a súplica de um ancião:
“Em ti me tenho apoiado desde o meu
nascimento; do ventre materno tu me tiraste, tu és motivo para meus louvores
constantemente. Para muitos sou como um portento, mas tu és o meu refúgio.”
(Salmos 71: 6, 7).
Acerca do
Senhor, o profeta Isaias, escreveu:
“Porque foste a fortaleza do pobre e a
fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a tempestade e sombra
contra o calor; porque dos tiranos o bufo é como a tempestade contra o muro,
como calor em lugar seco. Tu abaterás o ímpeto dos estranhos; como se abranda o
calor pela sombra da espessa nuvem, assim o hino triunfal dos tiranos será
aniquilado.” (Isaias 25: 4, 5).
O Senhor
conhece os que nEle se refugiam:
“O Senhor é bom, é fortaleza no dia da
angústia e conhece os que nele se refugiam.” (Naum 1:7).
Isaias
profetizou:
“Cada um servirá de esconderijo contra o
vento, de refúgio contra a tempestade, de torrentes de águas em lugares secos e
de sombra de grande rocha em terra sedenta.” (Isaias 32:2).
Não somos
nós mesmos quem fazemos isto, pois cada um dos servos do Senhor são
instrumentos nas mãos de Deus para benefício da sua Obra na terra, sejamos,
pois, humildes:
“Temos, porém, este tesouro em vasos de
barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2
Coríntios 4:7).
Em razão
disto, o Espírito Santo declarou:
“Porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2: 13).
Assim, fica
claro que por meio dos embaixadores, Seus servos, o Senhor refugia a todos os
pecadores que a Ele buscam salvação. Este sim, é nosso Alto Refúgio:
“Em ti, força minha, esperarei; pois Deus é
meu alto refúgio.” (Salmos 59:
9). – O negrito é meu.
Romário N.
Cardoso
Bibliografia:
.
Kaldwell
Rirye, Charles. A Bíblia de Estudo Anotada – Expandida, Almeida Revista e
Atualizada. São Paulo: Mundo Cristão; Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2007;
.
Maimônides – Os 613
Mandamentos, pág. 158, Nova Stella Editorial, 1ª Edição: 1990. São Paulo – SP,
Brasil;
. Houais,
Dicionário Sinônimos e Antônimos – Versão Ampliada – Nova
Ortografia, 2ª Edição, Publifolha, São Paulo – SP,
Brasil.
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