quarta-feira, 10 de abril de 2013

AS CIDADES DE REFÚGIO X A IGREJA



Certo líder religioso argumentou que a igreja deveria ser como as cidades de refúgio que Deus designou para receber a quem matar uma pessoa involuntariamente. À primeira vista, tal argumento parece demonstrar estreito vínculo entre o papel da igreja com as seis cidades de refúgio; mas... Examinando cuidadosamente, a Igreja não tem nada a ver com Cidades de Refúgio, analisemos:

. AS CIDADES DE REFÚGIO - Antes que os israelitas tomassem a terra que o Senhor os dava por posseção, Deus deu mandamentos a Moisés para que instruísse o povo que separassem da terra três cidades de refúgio destinado a todo homicida involuntário, protegendo assim, a sua vida contra o vingador:

Este é o caso tocante ao homicida que nelas se acolher, para que viva: aquele que, sem o querer, ferir o seu próximo, a quem não aborrecia dantes. Assim, aquele que entrar com o seu próximo no bosque, para cortar lenha, e, manejando com o impulso o machado para cortar a árvore, o ferro saltar do cabo e atingir o seu próximo, e este morrer, o tal se acolherá em uma destas cidades e viverá; para que o vingador do sangue não persiga o homicida, quando se lhe enfurecer o coração, e o alcance, por ser comprido o caminho, e lhe tire a vida, porque não é culpado de morte, pois não o aborrecia dantes.” (Deuteronômio 19:4, 5, 6). - O negrito é meu.

Assim, as cidades serviam para amparar apenas o homicida involuntário, inconsciente, irrefletido; isto é, a todo aquele que ferisse algum homem mortalmente sem o querer. Também, anteriormente Moisés já havia separado três cidades na Transjordânia (Deuteronômio 4: 41, 42, 43). O rabi Moshé Ben Maimon (Maimônides), em seu livro “Os 613 Mandamentos”, título original “TARIAG HÁ – MITZVOTH”, comenta:

Por este preceito somos ordenados a separar seis Cidades de Refúgio que estejam prontas para receber a quem matar uma pessoa involuntariamente, e a construir estradas que levem a elas e a nivelar essas estradas, não deixando nelas nada que possa atrapalhar o fugitivo em sua fuga.” (Maimônides – Os 613 Mandamentos, pág. 158, Nova Stella Editorial, 1ª Edição: 1990. São Paulo – SP, Brasil). - O negrito é meu.

Destarte, pela lei divina o homicida involuntário não é culpado de morte, por não ter matado por querer, de forma não intencional.

. A IGREJA – Esta não pode ser comparada como Cidades de Refúgio, uma vez que a igreja é composta por todos os que dantes eram culpados de morte e para estes não havia cidades para se refugiar. A Igreja não é o refúgio, pelo contrário, é composta por todos os refugiados em Cristo, e esta foi comissionada a proclamar como único Refúgio o nome do Ser que pode tirar de nós toda a culpa ao morrer em nosso lugar, o nome do Senhor Jesus. Portanto, o Refúgio de todo pecador voluntário está em unir-se à Igreja - Corpo de Cristo - para estar debaixo da proteção do esposo Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ninguém se refugia em nome de igreja, mas em o nome do Senhor, pois em nenhum outro nome há refúgio ou salvação (Atos 4:12). A humanidade não é inculpável perante Deus (Romanos 3:10, 19, 20), sendo digna de morte pela mão divina. Para a humanidade caída não há cidade onde se possa esconder ou se refugiar da ira de Deus:

Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? – Diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? – Diz o Senhor.” (Jeremias 23: 24).

Somente o Senhor Jesus pelo Seu precioso sangue nos torna inculpáveis perante Deus, o Pai; justificando ou tornando-nos justos pela Sua obra expiatória consumada no madeiro da cruz. Todo pecador procura seu refúgio em o nome do Senhor Jesus, somente em Seu nome encontramos refúgio, guarida contra a morte; esta é a súplica de um ancião:

Em ti me tenho apoiado desde o meu nascimento; do ventre materno tu me tiraste, tu és motivo para meus louvores constantemente. Para muitos sou como um portento, mas tu és o meu refúgio.” (Salmos 71: 6, 7).

Acerca do Senhor, o profeta Isaias, escreveu:

Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a tempestade e sombra contra o calor; porque dos tiranos o bufo é como a tempestade contra o muro, como calor em lugar seco. Tu abaterás o ímpeto dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da espessa nuvem, assim o hino triunfal dos tiranos será aniquilado.” (Isaias 25: 4, 5).

O Senhor conhece os que nEle se refugiam:

O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam.” (Naum 1:7).

Isaias profetizou: 

Cada um servirá de esconderijo contra o vento, de refúgio contra a tempestade, de torrentes de águas em lugares secos e de sombra de grande rocha em terra sedenta.” (Isaias 32:2).

Não somos nós mesmos quem fazemos isto, pois cada um dos servos do Senhor são instrumentos nas mãos de Deus para benefício da sua Obra na terra, sejamos, pois, humildes:

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2 Coríntios 4:7).

Em razão disto, o Espírito Santo declarou:

Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2: 13).

Assim, fica claro que por meio dos embaixadores, Seus servos, o Senhor refugia a todos os pecadores que a Ele buscam salvação. Este sim, é nosso Alto Refúgio:

Em ti, força minha, esperarei; pois Deus é meu alto refúgio.” (Salmos 59: 9). – O negrito é meu.

Romário N. Cardoso

Bibliografia:

. Kaldwell Rirye, Charles. A Bíblia de Estudo Anotada – Expandida, Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Mundo Cristão; Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007;
. Maimônides – Os 613 Mandamentos, pág. 158, Nova Stella Editorial, 1ª Edição: 1990. São Paulo – SP, Brasil;
. Houais, Dicionário Sinônimos e Antônimos – Versão Ampliada – Nova
Ortografia, 2ª Edição, Publifolha, São Paulo – SP, Brasil.

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